30 de junho de 2009

Movimento descendente

- Desculpa.
- Porquê?
- Nunca foste mais que uma pequena extensão de mim.
(Pausa)
- Queres convencer-me que não existo além de ti?
- Não. Não existes além da minha imaginação, e esta não me pertence.
(Pausa)
- És uma pequena extensão de mim.
(Pausa)
- Pesas-me demasiado. Desculpa ter-te imaginado tanto, juro que foi sem querer.
[Silêncio]
- Porquê?
- Não sei. Na verdade não sei querer saber, pois a incerteza anima-me o tédio.
- Isso é viver?
(Pausa)
- Não sei. (Penso: e que [me] importa isso?)
(Pausa)
-Não existes. Desculpa.


[Criado em Agosto de 2008 e publicado no, já extinto, Fragmentos]

9 de junho de 2009

Desmaterialização do Tempo

É aquando da ausência de tempo, que encontro as memórias de Ti. Que pertencem apenas, e sempre, a esse espaço atemporal.
É na desmaterialização do tempo e no despojo do espaço que choco com o que vais sendo, entre parênteses rectos e reticências compassadas por parágrafos em branco. Que faço questão de romper com o silêncio que te pena todas as perguntas que não sabes fazer. Todas as respostas que queres dar.
São os intervalos dolorosos, do ver-Te apenas no particípio do passado do que é Esquecer voluntariamente, para que o Presente que trazes seja sempre conjuntivo, pelo facto de mo dares sem o ter.
Finjo. Desmaterializar o nexo inexistente do teu ser, que não é mas vai sendo, a escrita que corrói a história mais-que-perfeita dos parágrafos nulos e do silêncio mudo da minha compreensão.
Finjo-Te na pressa: sem tempo, sem espaço.
Finjo. Desmatrializo.